Borgen é a série mais educativa que você pode assistir nesse momento.
É uma produção da TV pública dinamarquesa, cujas 3 primeiras temporadas foram produzidas entre 2010 e 2013, mas que apenas agora chegou na Netflix, com quase 10 anos de atraso.
Enquanto não chegava ao mainstream, a série correu pelo underground e foi cultuada como um dos melhores produtos televisivos europeus.
Os méritos são justificados.
É uma série política e ficcional que aborda a ascensão de Birgitte Nyborg ao cargo de primeira ministra da Dinamarca, sendo a primeira mulher a ocupar esse posto na história.
Em Borgen, você vê o jogo de poder pelas lentes de uma cultura bem diferente da brasileira, e até mesmo da americana, que é o padrão mais consumido por aqui.
Quando comparado a Borgen, “House of Cards” — outra série política, parece um programa infantil, de tão forçada e estereotipada.
Na série dinamarquesa, os estereótipos não tem vez.
10 motivos para assistir Borgen (com a lente de negócios e agilidade):
- Decisões rápidas (embora duras e difíceis);
- Comunicação assertiva (não importa o momento ou o status dos envolvidos);
- Divisão clara de papéis (e responsabilização imediata, pro bem e pro mal);
- O dilema entre a vida profissional e a vida pessoal (sem maniqueísmos emocionais);
- Alianças políticas objetivas (de acordo com os objetivos do “backlog”);
- Escolhas difíceis para preservar o escopo (sem aversão a perdas e com tomada de riscos calculados);
- A capacidade de mudar quando a proposta de valor central ameaça se perder (preservação da essência dos valores da marca);
- Adequação das decisões ao zeitgeist da época (emergência climática, saúde pública, imigração, etc);
- Remoção de impedimentos em tempo real, sem rodeios ou burocracias (com claro apreço às autonomias declaradas);
- Liderança transparente, ética e justa (sem música hollywoodiana triunfal, apenas como deve ser, com informações, justificativas e baseado sempre em evidências).
Borgen é um curso de gestão ágil no formato televisivo.

“Quem é nosso líder enquanto você faz nossos trabalhos?”
T01E09, entre 00h:13m:01s e 00:14m:55s
Esse momento é emblemático dentro de empresas que estão em transição dos métodos tradicionais para os métodos ágeis, situação onde é preciso migrar de uma estrutura de comando e controle (hierárquica e tradicional) para organismos com autonomias descentralizadas e baseados na confiança.
Ademais, esse exemplo cabe perfeitamente no manifesto ágil:
“Para construir projetos ao redor de indivíduos motivados, é preciso dar a eles o ambiente e o suporte necessários, confiando que farão seu trabalho”
Princípio 5, Manifesto Ágil
Assistam Borgen. É educativo!